segunda-feira, 26 de setembro de 2011

EMPRETEC - UMA PARCERIA SEBRAE/ACIM


Da notícia e sua lógica


Por Divaldo Salvador* 

Quando fui informado que a obra para construção da Hidrovia do Rio Tocantins tinha sido retirada do PAC, fiz uma avaliação sobre a disposição da Vale, o projeto ALPA e o cancelamento desta obra. Pensei o seguinte: a Vale tinha um plano “B” e irá executá-lo, ou seja, vai implantar o projeto ALPA com a logística da Ferrovia Carajás, independente da construção da Hidrovia Tocantins.
A lógica foi pensar que a importância da Hidrovia para o Governo Federal restringia-se a viabilidade da ALPA, e, não o é. A ALPA é, com certeza, muito importante, mas a hidrovia é muito mais. A hidrovia não existe pela ALPA e sim, ao contrário. A ALPA existe porque tem logística, a Vale tem sua própria logística e pode existir sem a hidrovia, mas todos os demais projetos não o poderão, pois a logística da Vale é só dela e de mais ninguém. A Vale está correta, pois para se manter futuramente no mercado nas mesmas condições de hoje terá que multiplicar-se por três e a logística é o gargalo.
Os fatos a partir do anúncio da Hidrovia
Quando foi anunciada a conclusão da eclusa de Tucuruí e a inclusão das obras da Hidrovia do Tocantins no PAC - por nosso, então, Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva - ficou patente sua existência e, a partir daquele momento, Marabá recebeu entre muitos outros:
- Linave, empresa de Logística fornecedora de serviços na Amazônia, inclusive para a Vale, a procura de terreno para instalar-se. Depois do anúncio da retirada da Hidrovia Tocantins do PAC, desistiu;
- Hidrovias Brasil, do fundo de investimento Pátria e Promon, com projeto arrojado de portos, associada à Brink Logística, estabeleceu contrato de compra e venda de terreno em Marabá, pagou sinal para estudos iniciais. Depois do anúncio da retirada da Hidrovia Tocantins do PAC, perdeu o sinal de negócio e desistiu;
- Cargil, aportou, em Marabá, com oito executivos, procurando pela mesma oportunidade, com ela trouxe de arrasto o Governo do Estado do Mato Grosso, pois, neste caso, o custo da Soja pode ser reduzido pela logística, Paranaguá x Tocantins em até US$ 40,00/ton. Com o preço internacional da Soja hoje na ordem de US$ 500,00 /ton, nós estamos falando de 8%, o que significa a diferença entre ser viável ou não;*
- Cimento Nassau, tendo um pré-contrato com a Alpa para retirada e beneficiamento de escória granulada, a empresa está refazendo seus custos e, com certeza, descartará a possibilidade de verticalização desta matéria-prima em Marabá;
- Bertolini depois de realizar estudo de viabilidade econômica e financeira adquiriu terreno à margem do Rio Tocantins. Depois do anúncio da retirada da Hidrovia do PAC, vendeu;
As empresas citadas estão buscando oportunidade para prestação de serviços através da Hidrovia Tocantins, mas vão transportar o que?  E, aqui, vou me ater apenas a algumas das possíveis cargas, pois em um pensamento mais amplo vale lembrar que o Pará é um dos poucos estados do Brasil, em análise simplista, que pode separar-se da federação por benefícios fiscais. O Pará importa grande parte de industrializados consumidos e tem tudo para ser industrial. Mas, não tem mercado e, não o tem, por não ter logística. Só é viável a produção em grande escala e o mercado local é restrito. 
O sul do Pará é uma região das mais ricas em reservas minerais.  Todos falam sobre o minério de ferro e sabem deste, unicamente, porque existe logística própria: a Ferrovia Carajás. Lá, também, tem corpos minerais de: cobre, zinco, manganês, bauxita, cassiterita, chumbo, entre outros;
Diante do anúncio da retirada da Hidrovia do PAC, grandes players multinacionais e outros - não tão grandes – e, principalmente, os pequenos, assanharam-se. Iniciaram-se trabalhos para viabilizar a exploração mineral, pois, não estamos falando de ouro que virá, com certeza, por conseqüência. Estamos falando de grandes volumes de minérios que precisam de logística.
Ressalto que o preço histórico internacional do minério de ferro, no período de 1975 a 2002, foi de aproximadamente US$ 30,00 MT/FOB estivado. Hoje, custa em torno de US$ 150 dólares MT/FOB, em conseqüência da alta demanda internacional, principalmente da China, que passou sua produção de aço de 300 milhões de ton/ano para 550 milhões de ton, no último ano.
No entanto, os grandes bancos trabalham com a perspectiva de manutenção do boom das commodities até 2017, a razão não é a diminuição da procura, mas porquê o mundo inteiro tem minério - e em grandes quantidades - o que não existe é logística.
Logística está sendo construída ao redor do planeta e, só será competitivo aquele País que a tiver. O Brasil, melhor dizendo, o Pará, não pode perder esta oportunidade, pois, se assim o fizer, vamos continuar somente com a Vale que já tem a sua própria;
Estão na região, prontos para produzir e exportar, entre outras: Ferros, Codelgo, Brasil Mineral, Anglo American, Trafigura, Vertical, Recursos Minerais do Brasil, Colussos, e mais uma gama de pequenas. O Sindicato dos Produtores Minerais do Estado do Pará conta hoje com oito associados. Com a hidrovia não serão menos que 50.
Com o advento da ALPA temos, por consequência, o polo metal mecânico - grandes projetos cuja viabilidade só se dará mantendo seus tamanhos. Assim sendo, o mercado não será só o Estado do Pará, mas o mundo. Mas, sem logística não existirá pólo metal mecânico. Para ficar em um só exemplo: a empresa procurada para construir uma laminação de chapas grossas, a partir das placas da ALPA, e daí um estaleiro, está se instalando em PECEM, no Ceará. O motivo: a logística.
A conseqüência de um porto da Cargil será, com certeza, a diversificação da produção agropecuária e da implantação de indústria de esmagamento de grãos com produção de óleo, ração e adubo. Tudo isso só será viável se existir logística.
A RMB S.A. coordenou equipe técnica que já havia concluído os estudos de viabilidade para iniciar a engenharia básica de uma indústria para produção de 1.200.000/MT ferro gusa, a partir do minério de ferro próprio e carvão mineral importado, a exemplo do que a Newco faz em Trinidad Tobago. Os sócio-investidores determinaram que não fosse mais investido nenhum centavo antes de ter certeza da Hidrovia. O anúncio do cancelamento da obra da Hidrovia Tocantins já foi um desastre. Sua confirmação significará retroagir a 1972.
Precisamos ter a certeza da sua retomada e gritar aos quatro ventos, bem alto, para recuperar o tempo perdido.
O parque siderúrgico de Marabá, para produção de ferro gusa, com dificuldade por não ter o melhor valor agregado, poderia se transformar em uma siderúrgica para produção de aço do tamanho da ALPA.  Poderia agregar-se aos produtores da nossa vizinha Açailândia (MA) e teria o dobro da produção prevista para a ALPA. Mas, isso tudo só com logística. 
É importante ressaltar que todas estas empresas sabem uma das outras e que todas são viáveis. A Hidrovia Tocantins é mais importante que qualquer outra obra. Podemos afirmar com toda a certeza: existe um Pará antes e outro depois da hidrovia.
Da forma prevista hoje, com um número restrito de passagens diárias pela Eclusa de Tucuruí, nossa Hidrovia Tocantins nasce pequena, com 13.000.000/MT/ano. Devemos pensar em usar nove segundos de energia elétrica - necessários para cada passagem pela eclusa - a mais e atingir o número 80.000.000/MT/ano e isto compensará a energia não produzida.
Nós, os Paraenses, contamos com isto.

* Divaldo Salvador é economista, administrador, executivo da RMB. Cidadão Marabaense, após receber com honra o título da Câmara Municipal de Marabá, em 2006.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

UMA PROPOSTA


A partir  desta segunda-feira, 29,  e por toda a semana,  Marabá será o centro das atenções de todo o estado. Depois de longa expectativa, entra governo e saí governo, enfim com o Dr.Jatene vem a decisão de estabelecer ações itinerantes de governo pelo estado do Pará;
Antes tarde do que nunca.
Após a ação em Santarém, agora Marabá será contemplada.
Certamente, será um período de trabalho duro, encaminhamentos e ações concretas. Essa é a grande expectativa da comunidade como resultado.
Oportunidade de demonstrar nossas preocupações.
Preocupações com o ordenamento do processo de crescimento da cidade, da necessidade de realização de obras estruturantes e que exigirão investimentos de envergadura considerável.
Nada fácil para o governo.
A agenda empresarial com o Governador será prática e extremamente focada em resultados. A implantação do pólo metal mecânico, uma meta perseguida pela ACIM, será apresentada ao governo como proposta concreta de um trabalho, que envolverá parceiros importantes.
O grande desafio: criar um pensamento coletivo traduzido em ações rápidas e eficazes de modo a vivenciar a concretização dos nossos anseios – um parque industrial que diversifique a base produtiva da cidade.
Objetivo do projeto:
- Mapeamento vocacional de cada pólo;
- Atrair empresas de Médio e grande porte para os Distritos Industriais;
- Gerar parcerias locais de modo a promover o fortalecimento de empresas já fixadas na Região;
- Criar um parque tecnológico atualizado capaz de ampliar e sustentar as atividades acadêmicas (engenharias, medicina, etc…);
- Gerar fontes de empregos e renda, premissas para o desenvolvimento sócio-econômico

Os resultados esperados:
·         Sustentar as operações dos grandes projetos já instalados e a serem instalados – INDUSTRIAS DE BASE (competitividade em custo, qualidade, produtividade e segurança).
·         Ser reconhecido como uma ótima Região do país para se investir:
·         Aumento significativo das receitas diretas e indiretas das Prefeituras e Governo do Estado;
·         Melhoria dos índices de desenvolvimento humano, econômicos e sociais das áreas de influência do Projeto

A proposta envolverá a sugestão de um reordenamento dos Distritos Industriais I e II, de forma otimizada para atingir as metas estabelecidas com praticidade e rapidez.
O Distrito I está pronto; o II já contemplado pela agenda mínima do atual governo, exige pouco investimento para sua estruturação.
Instituições importantes serão sugeridas para compor essa proposta de trabalho: Secretarias Executivas de Governo, CDI, Fiepa/PDF, Associações Comerciais, Indústrias, Instituições de Ensino e Consultorias Especializadas- compondo o esboço inicial desse arrojado projeto.
O governo aceitando o desafio, estará iniciando de fato a condição de sair do discurso à prática, implementando parques industriais nas cidades estratégicas do estado.
O projeto tem igualmente a preocupação com a sustentabilidade dos distritos industriais. O movimento de atração de empresas tem a responsabilidade de respeitar a vocação natural de cada região envolvida, de forma a não estabelecer conflitos de interesses econômicos.
Na pauta também serão expostos os gargalos que deixam interrogações sobre o futuro dos empreendimentos anunciados em Marabá. Por mais que os empreendedores ratifiquem a manutenção dos seus cronogramas de investimentos, no ar, nuvens carregadas de dúvidas permanecem.
O anúncio de tantos investimentos têm gerado muitas expectativas, porém poucos resultados práticos. Em virtude disso, a provocação saudável para o debate de temas como:
- Suspensão pelo governo federal dos investimentos na hidrovia;
- Remanejamento da transamazônica na área do Distrito Fase III. Compromisso inicialmente assumido pelo DNIT que posteriormente se excluiu do processo;
- Ampliação do porto em Vila do Conde;
- Porto Público de Marabá;
- Alça Viária em Marabá;

Enfim, uma excelente oportunidade para encaminhamentos importantes.
Aguardemos, portanto.

Texto de Italo Ipojucan, Presidente ACIM (Associação Comercial e Industrial de Marabá).

HIDROVIA: BUSCANDO INSCRIÇÕES DE ALIADOS


Durante anos e anos, toda a comunidade marabaense aguardou o mágico momento de um processo que pudesse modificar a realidade econômica da região.
A sonhada verticalização da produção mineral sempre objeto da expectativa maior, era motivo de debates, pronunciamentos contundentes – enfim, era a manifestação expressa verbalmente pela classe política, nas ocasiões oportunas, nos encontros sociais e políticos.
Cerca de dez dias passados, informalmente chega a ACIM a afirmação da retirada do PAC os recursos para investimentos na hidrovia Araguaia-Tocantins, fato que, confirmado, afeta diretamente todos os empreendimentos do Sul do Pará, entre eles, derrocagem, dragagem, porto público, etc.
Diz a rádio cipó que a decisão é presidencial.
Checada no DNIT, a informação infelizmente procede.
Em diversos artigos anteriores, palestras, encontros empresariais esse tema era referência. Afinal, tão importante quanto a ALPA, quanto ALINE, quanto SINOBRÁS é sem dúvida a hidrovia do Tocantins.
Essa obra, sem sombra de dúvidas, será responsável de fato pela configuração multimodal de transporte em Marabá e também pela possibilidade da diversificação da base produtiva. Oferta de transporte com custos diferenciados e competitivos para o setor produtivo.
Responsável pelo projeto de prazo mais longo, entretanto essencialmente importante – o corredor de escoamento da produção industrial e do agronegócio do centro –norte.
Aspectos que certamente justificaram e aceleraram a dinâmica pela conclusão das eclusas de Tucuruí. Afinal, sem a navegação, para que terminar tal gigante de concreto!?
Melhor seria ter o desenho de um elefante, de concreto… e branco.
Na verdade, eclusas e hidrovia representam o movimento indutor de todo o universo empreendedor que deverá se instalar na região, o que contempla de forma direta a economia de todos os municípios do entorno. A ausência da derrocagem, dragagem e portos é a ausência da hidrovia em sua concepção plena. Postergar a obra, compromete, inviabiliza muitos ou todos eles.
Exemplo dessa condição está registrada na ACIM.
Nos últimos meses, a cidade foi objeto de diversas prospecções empresariais significativas. Em comum, o objeto da busca. Área propícia para instalação de portos.
Dentre outras empresas de vulto nacionais, demonstraram interesse em investir no município, a WV Logística, Hidrovias Brasil, Linave, Cimentos Nassau, e Petrobrás.
Uma preocupação que incomoda: exceto a manifestação registrada pelo Senador Flexa Ribeiro, não se observou por aqui, no futuro Estado do Carajás, interesse local, iniciativa local, agrupamento local, debate local, busca local ou seja lá o que for, mas que fosse local, qualquer manifestação por esse assunto -, de tamanha importância para a vida de todos.
A ACIM tentou e continua tentando, agrupar vozes interessadas em sensibilizar as autoridades para que a obra da hidrovia não seja postergada. Mantivemos contatos com deputados federais, estaduais, membros do governo estadual, ex-governadores, dentre outros.
Pessoas que de forma direta ou indireta possam se interessar pela defesa de um dos maiores projetos de desenvolvimento dessa região.
Como resultado desses contatos, o deputado Giovanni Queiroz deverá, em audiência com a Ministra Ideli Salvati, encaminhar o assunto.
O ex-deputado Paulo Rocha de igual forma alinhará junto com o deputado Beto Faro, líder de governo e Zé Geraldo, um possível encaminhamento de reunião da bancada do PT com membros do governo federal.
Vamos aguardar.
Continua aberta a inscrição de aliados.
Texto: Italo Ipojucan, Presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá.