sábado, 30 de abril de 2011

Como participar dos grandes projetos em Marabá

O que o empresariado marabaense  pode fazer para garantir participação nas obras da siderúrgica ALPA, em fase de construção?

Quase sempre esse questionamento é colocado.  Pergunta a merecer especial atenção!

Inicio de 2009,   ainda no comando da pasta da  Secretaria de Indústria e Comércio de Marabá,  iniciava um trabalho de esclarecimentos e informações  a respeito do tema. A realização de um Fórum com convidados especiais, dentre eles, Secretário de Desenvolvimento do Estado, a VALE  e seus projetos no Pará ,  inclusive com o projeto ALPA,   Sinobrás e Eletronorte -, dentre outros.
Os governos Estadual e Federal apresentavam suas expectativas de investimentos em infra-estrutura,  obras estruturantes e estratégicas como alternativas em transporte e produção de energia. O setor privado apresentava suas    perspectivas de investimentos e cronogramas de execução.
Não era outro o objetivo, senão demonstrar para a sociedade  o momento singular que se avizinhava e as oportunidades que traziam e ofertariam no mercado. Os palestrantes, longamente e com detalhes possíveis à ocasião, discorreram a respeito das quantificações e especificações dos empreendimentos. Apontaram, ainda,  as demandas que iriam se estabelecer, um convite tentador aos empresários com espírito empreendedor.
Desde então a ACIM tem sido palco de recorrentes debates, tentando em definitivo, demonstrar  a todos  que o momento exige atenção, estudo, planejamento e  ação.
Na seqüência, em mais uma iniciativa conjunta ACIM/SICOM, intermediados pela Vale,  propiciou a  grupo de empresários locais,    a oportunidade de conhecer o Pólo Siderúrgico da CSA- Cia Siderúrgica do Atlântico,  no Rio de Janeiro, local  onde se implantava uma indústria similar a ALPA,   programada para  Marabá.
Logo a seguir, e novamente com intermediação da Vale, estendemos  oportunidade a um  grupo maior, composto por membros do legislativo municipal e empresários, desta  vez  para   conhecer a cidade de Ipatinga-MG,  onde a USIMINAS opera uma unidade de produção de aço,  com longos anos em atividade,  e que estabeleceu um novo corredor de desenvolvimento na região.
Em  Ipatinga, a Usiminas  contribuiu para a  construção da  cidade dentro de conceitos inovadores, planejando o município para absorver e transformar os efeitos sociais demandados em referenciais, o que se traduziu em  efeitos benéficos a todo o seu   entorno.
Certamente, o conhecimento de um processo já consolidado como o de Ipatinga, transmitiu a todos os integrantes da comitiva  a dimensão do processo industrial  implantado sob a égide de  novos referenciais de desenvolvimento. A visita serviu para mostrar como  a  relação afinada entre o empreendedor e a comunidade, pode,  de fato, transformar uma realidade, capturando oportunidades para diversificar sua atividade econômica.
Os indicadores sócio-econômicos da cidade são referência. E,  convenhamos, números não mentem: expressam o que de fato é a realidade empreendida a partir da instalação do projeto.
Voltando a pergunta inicial,  sem chance de errar:   acredito que o processo  industrial no Sudeste do Pará é um fato. É o
primeiro passo para o empreendedor estar se habilitando a participar do momento, de forma efetiva, prática. Em outras palavras, vendendo bens, serviços, ou empreendendo em atividades  outras, que serão oportunizadas.
Nos debates estabelecidos durante os  encontros de negócios, muitas “atividades outras” foi objeto de identificação e divulgação pelos técnicos dos empreendimentos base.
A ACIM (Associação Comercial e Industrial de Marabá) tem esse arsenal de informações  registrada, pelo que disponibiliza a todos  os interessados.
Natural que para tudo isso acontecer, investir no seu próprio negócio,  como forma de capacitar adequadamente a equipe de trabalho, melhorar  processos de gestão e tecnológicos, são  necessidades para que possam ofertar  aos demandantes,  qualidade e competitividade, sinônimo de condição para garantir a sua participação nesse contexto.
Por outro lado, em virtude da característica  empresarial local  ser constituída por micro e pequenos negócios, a acessibilidade desse grupo às oportunidades tem  necessidade de contar com ações políticas e apoio institucional. Exemplos dessas ações  já podem  ser observados, quando o empreendedor divulga, como política sua, extensivos às grandes terceirizadas que operam como ancoras da montagem,  a priorização  das compras e contratações  no mercado local.
Nesse caso  recomenda-se à  Prefeitura Municipal,  via SICOM, a Câmara Municipal,  ACIM, FIEPA/PDF e setor contratante,   estabelecer
critérios e formas de aferir e acompanhar a evolução dos indicadores.  Uma sugestão inicial seria a criação de câmaras setoriais  ou  mesa permanente de avaliação e acompanhamento.
Para exemplificar ações pró-ativas nessa direção,  por ocasião da elaboração dos processos licitatórios, a ACIM tem reivindicado ser informada a respeito. Em poder de informações, a entidade alimenta o contratante,  do universo dos seus associados que detenham a condição de participar. É uma forma de manter a sinergia e alimentar o empreendedor com alternativas locais de fornecedores disponíveis.
O principal nessa dinâmica,  é que de alguma forma, a priorização das compras e contratações no mercado local de fato se evidenciem, aconteçam. Para tanto, faz-se é necessário quebrar alguns paradigmas estabelecidos pelo setor de compras das  empresas de grande porte.
Fracionar alguns serviços e compras, de forma a contemplar um universo maior de fornecedores regionais, que pelas suas características não têm musculatura para encarar grandes pacotes, é provavelmente uma,  dentre  outras alternativas.
A relação entre empreendedor e comunidade é umbilical, o interesse  comum.
Para recordar e enfatizar que é possível seguir essa rota, em passado recente, na montagem do Projeto Sossego,  foi empreendida  política de priorizar a economia local nas contratações. O resultado é o projeto ser referendado  como modelo em sua implantação, no que diz respeito a   política de compras e contratações empreendidas.
Via de   regra, a  forma de implantação dos grandes  projetos mineradores,  é  truculenta por necessidade mesmo. Números que impressionam e cronogramas a serem executados à risca  exigem do empreendedor, certeza da qualificação de quem se credencia  como parceiro de sua implantação.
Grandes empresas e investidores de considerável envergadura, já estão desembarcando em Marabá e região. São representantes dos mais diversos segmentos que acreditam e  antecipam suas ações, cônscios da condição favorável  para participação no bolo. O mercado local dificilmente vai ter condições de reagir e fazer valer sua condição, por  “estar aqui”, como fator de diferenciação.
Portanto, a pergunta é oportuna e certamente vai exigir medidas como as mencionadas anteriormente.
É uma forma de dar a atenção devida ao comércio em relação à expectativa gerada com a chegada dos  empreendimentos.
A ACIM tem se mostrada obstinada em produzir alertas.
Haveremos de buscar modelos coletivos, como forma de fortalecimento estrutural e assim, habilitarmo-nos nos processos ofertados. Nada impede que  grupos locais se consorciem para desafios maiores,  ou  inovem -, investindo em  pequenas indústrias de transformação, tendo como matéria prima, os produtos a serem disponibilizados pelas indústrias de base.
Outra infinidade de opções está na prestação de serviços, uma característica forte da cidade,  que em muito pode melhorar e ser uma excelente alternativa nessa disputa.
Com inicio previsto para o mês de maio, a ACIM começa a construir  um calendário  de palestras, envolvendo novamente  os principais empreendedores, órgãos públicos municipais, estaduais e federais,  responsáveis diretos e indiretos pela dinâmica econômica da região. O objetivo é atualizar o status dos diversos empreendimentos e projetos.
Naturalmente, a entidade aguarda concorrida  participação  dos agentes produtivos regionais durante debates. Essa é uma forma de criar condições reais de participação dos empresários  no processo de mudança em curso.
Dessa forma, a  ACIM espera, com a  iniciativa,  socializar a informação junto a comunidade,  contribuindo  para o crescimento de todos.
(*) – Italo Ipojucan é empresário e presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Convênio ACIM e Polícia Civil

Diretores da ACIM no momento em que firma convenio com a Polícia Civil

A Associação Comercial e Industrial de Marabá firma convênio com a Superintendência Regional da Polícia Civil do Sudeste do Pará, através de seu Superintendente delegado Alberto Henrique. Essa parceria influenciará positivamente na atuação dos trabalhos da própria polícia civil, no sentido da manutenção da ordem e da garantia dos direitos dos cidadãos marabaenses.  

Uma agenda a ser enfrentada

(*) Por Ítalo Ipojucan - Por ocasião de proveitosa conversa que mantivemos com o governador Simão Jatene, recentemente em Belém,  apresentamos a ele algumas preocupações dos setores produtivos, e da sociedade em geral da região, em relação a alguns temas que marcam o dia a dia de nossas comunidades.
No plano comunitário, registramos nossa preocupação com a questão da  violência que grassa  em escala já conhecida, mas que necessita de reflexões urgentes muito além dos diagnósticos  científicos apresentados pelos setores de segurança pública, bem como  plano de ação para distender o sentimento de medo coletivo.
Seguindo uma pauta devidamente elaborada pela diretoria da Associação Comercial e Industrial de Marabá, detalhamos a imperativa necessidade de junção de forças entre o Estado e o Município no sentido de arrefecer a demanda na área de saúde pública. Em primeiro plano, mostramos a situação de calamidade pela qual passa o Hospital Municipal de Marabá, devido, principalmente, a escassez de mão de obra especializada .
A ampliação do  próprio Hospital Regional do Sudeste Dr. Geraldo Veloso foi considerada na demorada conversa. O governador entende que o HRS, devido o processo migratório acelerado ocorrrido nos últimos quatro anos, certamente já merece ampliação de espaço ou um outro tipo de solução.
Num plano mais institucional, a Associação Comercial e Industrial de Marabá sugeriu ao governo acompanhar de perto, e participar ativamente do processo de cumprimento das condicionantes    que a Alpa deverá  seguir e implementar até o seu funcionamento, como fator de desestabilização de tensões sociais provocadas pelas repercussões do grandioso empreendimento.
Na área especificamente empresarial, relatamos a Simão Jatene  nossa preocupação com dois pontos que consideramos fundamentais para a consolidação do processo de verticalização do Distrito Industrial de Marabá.
Primeiro, a necessidade de regularização fundiária da segunda etapa do Distrito Industrial III, onde verdadeiramente se destinará espaço para o surgimento do parque metal-mecânico paralelo aos projetos Alpa-Aline, do lado esquerdo da Rodovia Transamazônica, sentido Marabá-Itupiranga.
Mostramos ao governador que essa área carece ainda de acertos com seus proprietários, mas que  sem esse espaço garantido dificilmente teremos médias e pequenas empresas investindo no metal-mecânico para a verticalização da cadeia do aço,  do  cobre e do manganês.
A questão do Porto Público mereceu também cuidadosa discussão, principalmente  depois  de concretizada a equivocada transferência, do Estado para o governo federal, de responsabilidade desse investimento.  Temos a nítida clareza de que somente com a construção do porto público, logo abaixo do porto particular  da Vale S.A, é que conseguiremos mitigar o DI, fornecendo  infra-estrutura portuária aos exportadores.
Atento a tudo que a diretoria da ACIM colocava, Simão Jatene garantiu ser uma de suas preocupações de governo viabilizar tudo o que até agora está sendo feito no município e região  para a verticalização de nossas riquezas minerais.
(*)  Italo Ipojucan é empresário e presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá


Investimento X Crescimento X Desenvolvimento

(*) Por Ítalo Ipojucan - Um estudo recente efetuado pela FIEPA-  Federação das Indústrias do Estado do Pará  - apresenta números que impressionam, a respeito da expectativa de investimentos no estado.
Para o cenário de 2010 a 2014, documento estima investimentos da iniciativa privada em torno da casa dos U$ 50,5 bilhões com geração de cerca de 117 mil empregos. Desse montante, U$ 31,1 bilhões  e 62 mil empregos seriam aplicados no Sul/Sudeste do estado, com destaque para o município de  Marabá  onde se prevê aplicação de U$ 6  bilhões e respectivos 25 mil empregos gerados.
Enriquece o estudo, uma listagem considerável dos empreendedores que compõem o  universo de números anunciados, além de outra listagem de projetos em estudo e em fase de pesquisa de importância singular. Destaque merece ser  feito à natureza dos investimentos, em sua quase  totalidade ligada à mineração, e que seguem no cumprimento de seu cronograma  dentro da normalidade.
Evidente fica que a vocação de fato da região  é a mineração.  Na capacidade de evolução desse segmento está ancorada toda uma expectativa sócio-econômica da região, portanto,  justo se faz dedicar toda a atenção para o quadro.
Dizem que um dos elementos que a história proporciona é a condição de  aprender com os erros passados para não repeti-los. Muitos são os casos de municípios, objeto de implantação de projetos minerais em passado recente, que por falta de visão e planejamento dos seus administradores, tiveram  sua condição de desenvolvimento comprometida. Pior: amargou mazelas significativas.
Nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Macapá, e Pará, muitas cidades poderiam ser nominadas como exemplo de  ocorrências do gênero.
Tais acontecimentos têm pouca probabilidade de voltarem a ocorrer. Há um olhar mais atento da sociedade civil exigindo de governos e empreendedores uma atenção sistemática para os desdobramentos desse  processo. A responsabilidade social dos empreendedores e a  obrigação dos governos de pensar a diversificação da base produtiva como forma de sobrevivência, são elementos essenciais na discussão.
Marabá e região vivem essa realidade. Ao longo do tempo a região consolidou um passivo social considerável. O que oportuniza a condição de reverter essa realidade é exatamente o volume de empreendimentos que iniciam seus processos de implantação. Para tanto é necessário medidas imediatas, que devem ser pensadas e operacionalizadas por toda sociedade.
A identificação de novas vocações econômicas nos municípios, uma política de atração de investimentos periféricos ao, digamos, investimentos de base anunciados no estudo da Fiepa, são vitais para que a  ampliação da base produtiva aconteça de fato.
 Na atividade diretamente ligada a indústria de base já instalada,  tem-se a condição de instalação de um pool de empresas da atividade  metal-mecânica. Pequenas indústrias de transformação dos produtos disponibilizados no processo de laminação também devem ser alvo do movimento de atração de negócios.
Na esteira da diversificação, a área de serviços é um atrativo interessante.   Como exemplo,  Marabá já  apresenta como característica na atividade comercial, a prestação de serviços.
Seria interessante, senão fundamental,  tornar a cidade em centro de referência na prestação de serviços. Um exemplo é sair dos desafios demandados nas áreas de Saúde e Educação,   para  a condição de, dentro desse olhar,  tornar a cidade de Marabá em centro de referência nesses serviços.
Os vários empreendimentos estarão a exigir mão-de-obra qualificada e a necessidade de fixação do profissional, colaborador, no local do empreendimento. Esse contexto, por si,  justificaria a priorização de investimentos na educação, sem necessidade de mencionar tantos outros que justificam a importância do tema.
UFPA, UEPA, IFPA, METROPOLITANA, SESI-SENAI, entre  outros centros de formação, já indicam a condição da   cidade como potencialmente pronta para alçar um voo mais agressivo na busca por  referencia como centro de formação de mão de obra especializada.
As reconhecidas  carências no setor de saúde pública é outro quesito que pode, priorizado,  ser transformado em referência.  Um desafio, mas plenamente possível.
Transformar Marabá em centro de medicina especializado é outro caminho potencializado, através do estímulo a empreendimentos privados do setor. Nesse contexto, há aliados que alimentam  interesse empreendedor em virtude da necessidade estabelecida.
Para exemplificar, tome-se como exemplo o processo que transformou a cidade de Teresina-PI em centro de referência em saúde. Aqui ao lado, no Estado do Tocantins, temos  Araguaína robustecendo sua atuação nesse sentido.
A verdade é que esse boom que se anuncia e já se evidencia na região,  requer de todos e, principalmente dos agentes públicos, a necessidade de planejamento conjunto. São investimentos que contemplam toda região, como abordado no inicio deste texto.
Assim,  uma forma racional de perseguir resultados que contemple o todo, seria o planejamento e ações combinadas. Certamente o reflexo seriam respostas num tempo adequado,   para os problemas mais prementes que afligem as comunidades locais. Gestores públicos das cidades de Marabá, Parauapebas, Canaã dos Carajás, Eldorado, Curionópolis, Ourilândia, Tucumã dentre outras, poderiam reproduzir a iniciativa tomada na região do  Alto Paraopeba,  em Minas  Gerais -, formada pelos municípios de C.Lafaiete, S.Brás do Suaçuí, Belo Vale, Ouro Branco, Jeceaba e Entre Rios -, que formaram um Consórcio Público para o Desenvolvimento do Alto Paraopeba(Codap).
Juntos, os municípios estabeleceram a chamada Agenda 21 Mínero-Siderúrgica de Congonhas e Alto Paraopeba, no bojo da qual planejam e perseguem os resultados de metas estabelecidas para garantir a sustentabilidade e a condição de desenvolvimento da região.
Uma pequena amostra dessa ação pode ser verificada nos objetivos estratégicos delineados;
1-Adequar a infraestrutura urbana de acordo com a demanda de crescimento da região
2-Agregar valor e adensar a cadeia produtiva do ferro e aço
3-Ampliar e divulgar a política de incentivo às micro e pequenas empresas
4-Atrair e apoiar novos investimentos utilizando os recursos logísticos, hídricos, energéticos e de telecomunicações
Como observam, há extensa listagem de objetivos, cujo resultado certamente será objeto de melhoria nos indicadores que mensuram as condições da qualidade de vida das comunidades envolvidas.
O momento adequado para iniciar a busca incessante pela condição de cidade que queremos para os próximos anos é agora. 
Os investimentos anunciados, já estabeleceram um processo de crescimento. Agora,  aliar esse crescimento que não se tem o efetivo controle,  ao   desenvolvimento que queremos para a região  é o grande desafio de todos.
(*)  Italo Ipojucan é empresário e presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá

Uma relação pra lá de confusa

*) Por Ítalo Ipojucan  - Como comentado no artigo anterior, a provocação de iniciativa das Associações Comerciais  tinha por objetivo,   estabelecer um canal de comunicação,  que facultasse em primeiro momento, transmitir aos representantes da companhia Vale, em foro apropriado,  as manifestações que aterrorizavam e deixavam em estado de alerta os comerciantes locais.  A seguir, abrir a discussão para alternativas que pudessem indicar possíveis soluções.
Sempre importante destacar, que a forma ideal de eliminar ruídos nas relações  e alinhar a rota, é sempre um diálogo, franco, transparente, sem palanques oportunos. Assim, a produtividade e objetividade tendem a predominar como de fato ocorreu.
É certo que os investimentos significativos que a Vale empreende,  a cada dia exigem dos seus fornecedores acentuado nível de investimentos em sua condição de qualificação, de forma que possa ofertar combinações como qualidade e competitividade. Entretanto, cabe ao fornecedor de bens e serviços, conhecer seus limites, ter pleno domínio da gestão do seu negócio, de forma que sua precificação ofertada realmente produza os resultados comerciais que almeja. Ganhar processos sem zelar pelos conceitos capitais, certamente é um erro que pode comprometer toda uma história de vida empresarial. Alguns dos  casos possivelmente  se enquadram nesse contexto.
Destacava a  ACIM  que as ocorrências poderiam  estar ligadas ao processo de contratação  ou gestão dos contratos. O primeiro  sinalizava  a condição de contratações com preços  aquém do recomendável para a execução dos contratos. O segundo, para  as ocorrências na operação,  como notificações em excesso, multas como fator de desequilíbrio contratual, glosa de valores e atraso nas medições, gerando por conseqüência atraso nos pagamentos, dentre outras.
Pela contratante, o reconhecimento da necessidade de revisão e acompanhamento de alguns processos, mais especificamente, os identificados em resultado de estudos próprios, que coincidentemente, se ajustavam aos mencionados pela classe empresarial como os já citados,    foi uma revelação  importante e que deixava transparecer  compromisso na busca por soluções.  Informava a fixação de um conjunto de metas, cujo objetivo é propiciar o desenvolvimento de cada fornecedor,  e que sua  evolução é motivo de monitoramento constante.
Destaque ficou para o que se pode considerar como  avanço maior -  o anúncio da criação,  pela  Vale,  de uma Gerência de Gestão de Fornecedores, que servirá de canal de comunicação permanente com os fornecedores e com as próprias Associações Comerciais.  Sua função estratégica seria a de atrair, fomentar e manter os fornecedores nos estados do Pará e Maranhão. Uma estrutura dedicada para acompanhamento do relacionamento e comunicação com os fornecedores locais com contratos com a Vale.  Essa medida realmente preenche um vazio na relação. A  expectativa é que ela possa de fato,  conhecendo os problemas,  antecipar ações que  estabeleçam a mediação como fator de ajuste de possíveis desequilíbrios.
Como elemento de grande ponderação nas argüições empresariais,   a ausência desse canal,  certamente foi a  medida que mais correspondeu às expectativas.
Muito se argumentou a respeito das ocorrências de quebra de empresas, acompanhada de relatos de  experiências de gosto amargo. Nominalmente, exemplos foram citados,  com a  descoberta também de que tais problemas afetam diretamente a companhia, pela descontinuidade dos serviços prestados e  materiais fornecidos. Assim, medidas cabíveis foram tomadas visando mitigar o impacto social que eventuais problemas financeiros das empresas pudessem gerar junto ao comércio local.
Ressaltava, porém, que a Vale não tem e nem deve ter ingerência nos negócios de seus fornecedores, não podendo se responsabilizar por dívidas assumidas por eles junto a terceiros.
De forma alguma é possível desprezar a experiência dolorosa aqui relatada e vivenciada pela comunidade comercial, nesse passado recente. Principalmente em virtude de o risco ainda continuar assombrando.
Muitos são os casos ainda em andamento e que correm sério risco.  
Que esse encontro  possa  produzir seus reflexos  imediatos,  identificando nessa ação conjunta  formas adicionais de monitorar e acompanhar essa relação comercial. As Associações Comerciais envolvidas, entendem como um avanço os assuntos tratados nessa ação preliminar.
Essa demonstração de abertura para uma busca mútua por melhorias na relação comercial é  algo  que pode e deve fazer a diferença. Oportuno será a sua continuidade, via encontros periódicos e pontuais, ou provocados,  se algo que traduza urgência  exigir, como ali facultado.

(*)  Italo Ipojucan é empresário e presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá